As meninas do vôlei ensinaram que nem tudo está perdido e a equipe masculina que nada está ganho antes do fim; aos que decepcionaram, como Cesar Cielo, Neymar e Fabiana Murer, não adianta chorar sobre o leite derramado; heróis improváveis, como a judoca Sarah Menezes e a pentatleta Yane Marques, nos provaram que a sertaneja é também uma forte; e da força dos braços de Arthur Zanetti, veio a prova: nada é impossível.
De onde vem a emoção dos Jogos Olímpicos? Nas passadas, nas braçadas, nos saltos e na disputa de uma bola, estão concentrados, em alguns instantes, os esforços de uma existência. E cada esporte, à sua maneira, é também um retrato da vida e da luta cotidiana de cada ser humano.
No fim, com 17 medalhas, o Brasil teve um desempenho razoável, em linha com as expectativas da delegação olímpica, que previa 15 medalhas. Mas nem todas vieram de onde se esperava. Em cada conquista ou derrota, há lições importantes.
Nem tudo está perdido – Campeã olímpica em 2008, a seleção brasileira de vôlei feminino quase foi eliminada na fase inicial. Nas quartas, numa disputa contra a favorita Rússia, que vinha melhor na competição, as meninas do vôlei salvaram nada menos que seis match points antes de passar para a semi. “Nunca desistimos”, disse a guerreira Fabi. “Isso aqui é Brasil”. Não desistir e saber enxergar uma luz no fim do túnel foi a chave para recuperar a confiança e, nos jogos decisivos, atropelar os adversários.
Nada está ganho antes do fim – Também contra a Rússia, o Brasil viveu o reverso da medalha no vôlei masculino. Com dois sets a zero e dois match points, os brasileiros permitiram a virada e receberam uma medalha de prata amarga. Como diz o ditado, não adianta contar com o ovo antes que a galinha a ponha.
Ninguém ganha de véspera – Cesar Cielo era cantado em prosa e verso como o maior atleta olímpico brasileiro de todos os tempos, pronto para arrebatar dois ouros na natação: nos 50 e nos 100 metros. Campeão olímpico em Pequim, ele trocou o centro de treinamento nos Estados Unidos por um no Brasil, fez várias campanhas publicitárias e virou até nome de uma empresa de cartões de crédito. “Minhas pernas não responderam”, disse ele, que recebeu, em lágrimas, a prata. Sua medalha veio amarga. Mas Thiago Pereira, nos 200 medley, levou uma prata com sabor de ouro porque superou Michael Phelps. Na piscina, foco é essencial.
O vento sopra para todos – Tal qual uma garota mimada, Fabiana Murer cruzou os braços e fez cara de choro. Em Pequim, haviam roubado sua vara. Em Londres, a culpa foi do vento. E ela, que tinha os melhores resultados do ano, nem passou para a finalíssima do salto com vara em Londres. Terminou dizendo que só a russa Isinbayeva é melhor do que ela, mas de nada adiante chorar sobre o leite derramado.
Como são fortes as sertanejas – Sarah Menezes, ouro no primeiro dia de competições no judô, veio de Teresina, no Piauí. Yane Marques, bronze no pentatlo, no último dia de Londres 2012, veio de Afogados da Ingazeira, no sertão pernambucano. Se Euclides da Cunha dizia que o “sertanejo é, antes de tudo, um forte”, muito mais fortes são as sertanejas. E só elas sabem como lutaram para chegar onde chegaram.
Nome e fama não ganham jogo – Neymar, do alto de sua fortuna, Lucas, vendido por mais de R$ 100 milhões, e tantos outros astros estrelados da seleção brasileira não foram páreo para os mexicanos por uma razão simples. Eles se preparam; nós, não. Se o Brasil não acordar para o fato de que nome não ganha jogo, vem aí mais um fiasco em 2014.
Quem acredita sempre alcança – Com 1,57m, Arthur Zanetti tinha tudo para ser uma criança excluída dos esportes, mas escolheu algo perfeito para o seu biótipo: a ginástica olímpica, onde o que importa é ser baixo e forte. Treinou todos os dias, em equipamentos produzidos pelo próprio pai, em São Caetano do Sul. Nas argolas, a mais dura competição olímpica, ele provou que não há limites para quem acredita nos seus sonhos.
Postado no blog Brasil247 em 12/08/2012
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