Rodolfo Borges
"FAHRENHEIT 451, A TEMPERATURA EM QUE O PAPEL DO LIVRO PEGA FOGO E QUEIMA", ESCREVEU RAY BRADBURY. POR AQUI, SERIAM 232,7 GRAUS CELSIUS, FOSSE PRECISO QUEIMÁ-LOS PARA EVITAR A LEITURA.
Você não vai parar de respirar se deixar de abrir um livro. Provavelmente não vai ganhar mais dinheiro se ler com regularidade. Mas – e isso eu posso garantir – você vai se sentir tão bem. Tão livre. Tão forte. Vai expandir seu mundo, perceber que existem outras pessoas, outras formas de viver, outras formas de pensar e, assim, se dar conta de que a agressividade com que trata os outros não faz sentido.
"Como você se tornou tão vazio?", questiona-se Guy Montag, o bombeiro do "Fahrenheit 451" que, por profissão, queima livros. Apesar de viver nesse futurístico apocalipse literário, por obra do acaso ele percebe que "é preciso ser incomodado de verdade de vez em quando". Para fora das séries de tevê, para fora da interminável e superficial internet, para dentro de si mesmo.
Apenas metade da população brasileira tentou algo parecido no ano passado, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. A média de quatro livros por ano vai se mantendo há décadas e você ainda se pergunta por que o país segue na mesma, ou pior: acredita que as coisas estão melhorando só porque é possível consumir mais.
O psicanalista francês Pierre Bayard escreveu um livro chamado "Como falar dos livros que não lemos" na tentativa de dessacralizar a literatura e, assim, incentivar a leitura. A obra desempenha bem seu papel (o argumento faz sentido), mas prefiro o reverso da psicologia reversa. Tem um pessoal por aí sentindo, pensando, entendendo, existindo. Quando você começa?
Postado no blog Brasil 247 em 16/06/2012
Com estas imagens deliciosas não te dá vontade de ler?
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