"Quem nunca deu uma porradinha ou capotou com o carro?", pergunta Vagner Love, solidário ao amigo Diego Maurício, do Flamengo.
Poxa, me senti um bundão.
Vendo pelo ângulo desses rapazes bem-sucedidos, atletas, ricos, alegres e fanfarrões, preciso reavaliar meus conceitos de normalidade. Minha vida, pelo visto, é uma exceção.
Pensando bem, nunca fui fotografado com um fuzil na mão, numa maloca de traficante, assim como o Adriano, o Imperador. Devo ser um fracassado. Por isso, jamais me viram ao lado daquele bando de garotas lindas, jovens, siliconadas e atrevidas, com suas roupas minúsculas e sensuais.
Como seria possível, se não frequento bailes funk regados a drogas, energéticos, álcool, bandidos e danças tribais? Nem iate de R$ 15 milhões eu tenho. Careta, uso camisinha e jamais engravidei moças ingênuas, muito menos oportunistas. Minha biografia é anormal, como a de todos que não pilotam ferraris por aí.
Quem nunca andou de jatinho, além de mim? Ou matou uma amante e a jogou aos cães? Sou uma anomalia, pelo visto. Gente comum, aprendi agora, mora em mansões horrorosas, cercada de criados e seguranças.
Não sou um herói, um astro, uma pessoa vitoriosa que serve de exemplo para crianças e jovens. Nem sequer sou milionário. Quer saber? Cansei de ser rebelde.
Vagner Love e seus companheiros têm razão. Vou entrar num ônibus, num trem de subúrbio, talvez no metrô. Humildemente, vou esperar capotar. Pelo menos uma porradinha eu mereço.
Marco Antonio Araujo é jornalista e professor
Postado no blog O Provocador em 25/05/2012
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