Triste sina a da nossa educação!

 

  by Luiz Afonso Alencastre Escosteguy. 




 


Bem dizem os sábios que uma imagem vale mais que mil palavras. É o caso dessa aí em cima. Bastaria por si só, não fossem os espíritos de porco soltos pelo mundo. E me pego a ter que escrever ao menos algumas quantas coisas sobre o que ela representa. E sem selecionar ordem de importância, pois todas o são.
Como sou geminiano, e acreditei no Bauman quando ele disse que sou “líquido”, contrario meus dizeres para desdizer que, sim, há algo mais importante dentre tudo na imagem: o produto de 40 anos de uma deliberada construção de inversão de valores. Vejamos alguns, dentre milhares:
1) Não que eu defenda que o de “antigamente” seja mais ou melhor do que o “atual”. Não é isso. Mas antigamente havia, na educação, a preocupação com o respeito aos “professores”, aos “mais velhos” e aos “próprios pais”. Careta, eu sei, falar disso hoje em dia. Mas a verdade é que tudo começou com a introdução de que “respeito” não significava “senhoria”. Ou vice versa.
Daí para que professor@s passassem a ser chamad@s de tios e tias foi um pulo. E não faltaram psis para aparecerem na televisão defendendo que tudo isso significava uma “aproximação” entre pais e filhos, entre professores e alunos… etc. Toda uma nova psicologia foi “desenvolvida” tendo como foco – apesar das negativas dos que apareciam na tv e escreviam nos jormais – a liberdade. Filhos são livres desde que nascem e não podem sofrer qualquer constrangimento. Na esteira do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – surgiram os oportunistas da vez, amparados por uma mídia interessada em desenvolver uma geração acrítica, pronta para consumir tudo o que lhes fosse anunciado.
Chegamos ao cúmulo de ter lei que penaliza pais que dão “palmada” nos filhos. Um monte de psicólogos e pedagogos (e que acabam fazendo da psicologia, da pedagogia e da astrologia espécies do mesmo gênero e muito próximas, a chutologia…), impõe, sob os auspícios já citados, modismos que nos levaram a
2) que os filhos se impussessem perante os pais, agora enfraquecidos e que nada podem fazer. Não tendo como reagir, pais ajudam filhos a se tornarem agressivos. Não é à toa o aumento do número de casos de alunos agredindo professores. Pais vão às escolas cobrar dos professores ao invés de antes cobrar dos filhos. Se engana quem pensa que a imagem de 2011 é apenas uma charge…
3) Professores acuados e mal pagos podem fazer o quê? Nada! Boa parte se desestimula e não faz mais do que “cumpri tabela” em sala de aula. E o círculo vicioso dá mais uma volta, diminuindo mais ainda a qualidade do ensino e a capacidade do sistema de formar agentes críticos…
4) E aí aparecem os defensores dos “direitos humanos” para se juntar a horda.
5) O resultado, antes que isso se torne um texto demasiado longo – e sabemos que uma das coisas desenvolvidas nos últimos anos foi a incapacidade de leitura -, é que somos, hoje, uma sociedade permissiva onde o único valor é “o meu valor”. Vivo conforme a minha vontade e não mais de acordo com valores sociais. Daí que somos campões em muitas coisas ruins…
É uma pena… Triste sina a da nossa educação!

Postado no Blog O Chato

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